Logo cedo, no CDC Burakão, em mais uma manhã de sábado que parecia comum na Zona Oeste de São Paulo, o cenário foi se transformando. As arquibancadas começaram a ganhar cor com os uniformes das famílias, os times chegaram em comboios, a estrutura da Caravana foi se armando com pipoca, algodão doce, tenda gamer, som animado e aquele cheirinho inconfundível de sábado de jogo.
Mais uma rodada da Taça Cidade de São Paulo estava prestes a começar e quem passou por ali sabe: foi inesquecível.
Com confrontos nas categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17, o que se viu em campo foi a mistura exata de raça, talento e muita história para contar. Foram diversos momentos de tirar o chapéu, desde goleada a empate suado, virada nos acréscimos e defesa que arrancou aplausos.
A seguir, a resenha completa da rodada no melhor estilo “comentário de arquibancada”. Como a Taça pede.
Sub-15 | SF Itapecerica da Serra 0 x 0 Manchester (Campo da Macaca)

Esse jogo foi aquele típico duelo de quem se respeita muito… até demais. Com as duas equipes invictas, ninguém queria dar brecha. Marcação cerrada, jogo truncado, muita disputa no meio-campo.
Mesmo com poucas finalizações, os dois goleiros trabalharam bem quando exigidos. Se alguém levou um pouco mais de perigo, foi o Manchester, mas, a verdade é que o placar zerado refletiu bem o equilíbrio em campo.
Sub-17 | SF Itapecerica da Serra 1 x 2 União Democrata

Que jogão! O Itapecerica começou com tudo, fez 1 a 0 e parecia que ia dominar. Mas o União Democrata foi crescendo, empatou após uma falta perigosa e não se acomodou. O segundo tempo foi digno de final: chances de um lado e do outro, com os goleiros Rian e Riquelme brilhando.
Quando tudo indicava o empate, o camisa 8 Gabriel recebeu uma sobra aos 29 do segundo tempo e virou o placar. Um balde de água fria no adversário e festa da torcida do União. Mesmo com a derrota, o melhor da partida foi Rian, o paredão de Itapecerica.
Sub-15 | Tubarões da Bola 2 x 1 União Democrata

O União saiu na frente, mas os Tubarões responderam rápido. Primeiro empataram, depois viraram com uma cobrança de falta certeira do camisa 10, Vitinho. O segundo tempo foi mais morno, com poucas finalizações, mas a equipe segurou bem a vantagem. Entre os nomes do jogo, vale destacar também Pablo, que foi incansável no meio.
Sub-17 | Tubarões da Bola 0 x 0 Esporte Clube Eledy

Partida pegada, com boas chances para os dois lados, mas o placar não saiu do zero. E se tem um responsável por isso, ele atende por Neto. O goleiro dos Tubarões defendeu bolas difíceis e evitou o pior. Murilo, do Eledy, também apareceu bem, mas o jogo pecou pela falta de ousadia ofensiva.
Sub-13 | Tubarões da Bola 1 x 7 Esporte Clube Praia Grande

Não foi só goleada, foi aula. O Praia Grande dominou completamente a partida, com destaque para Diego e Jefferson, que comandaram as ações ofensivas. Só no primeiro tempo foram seis gols, com direito a pênalti bem batido e toques envolventes.
No segundo tempo, o ritmo caiu um pouco, mas ainda deu tempo de Pedro Henrique entrar na disputa por “melhor em campo”. Os Tubarões até marcaram o de honra, mas saíram com a lição do dia: não dá pra desligar nem por um minuto.
Sub-17 | Produto da Vila 2 x 1 Taboão da Serra

Partida intensa desde o apito inicial. O Produto da Vila veio com apetite e logo abriu dois gols de vantagem. O Taboão, guerreiro, diminuiu no fim e quase empatou, mas parou na boa atuação defensiva do adversário. Léo Paiva chamou a responsa com um golaço de falta e o goleiro Vinícius segurou o rojão. Os dois foram o coração da vitória.
Ah, e você notou que faltou a resenha de uma partida?

Pois é… O jogo da categoria Sub-15 entre o Projeto Craque do Futuro Jandira Selar e o Esporte Clube Praia Grande acabou não acontecendo porque o time do Projeto Craque do Futuro não compareceu.
Com isso, o Praia Grande venceu por W.O. E aí vai uma curiosidade: essa sigla vem do inglês walkover, que, no esporte, significa uma vitória concedida automaticamente quando o adversário não aparece ou desiste antes da disputa.
É como se a vitória “caminhasse sozinha” para o outro lado. A gente não sabe exatamente o que aconteceu com a equipe de Projeto Craque do Futuro Jandira Selar, e por isso, nada de julgamento. Cada time carrega suas batalhas fora de campo também: e aqui na Taça, o respeito vem antes de qualquer resultado.
Clima nos bastidores: resenha de verdade
Entre um jogo e outro, os bastidores ferviam: era pai assistindo nervoso de longe, irmão mais novo imitando o aquecimento dos atletas e jogadora da categoria feminina comentando que em breve também quer estar ali.
As barracas de algodão doce e pipoca tinham fila, mas ninguém queria perder nenhum lance. A equipe da Caravana registrava tudo, enquanto os técnicos corrigiam posicionamento e incentivavam sem parar. E ali, no calor do CDC Burakão, todo mundo era parte da mesma história.
A Taça pulsa nos territórios
Mais do que placares, essa rodada mostrou o que é a Taça Cidade de São Paulo: território, pertencimento, emoção. Cada atleta que entrou em campo carrega consigo uma comunidade, um sonho, um esforço coletivo.
Cada bairro representado nos escudos e nas vozes da arquibancada reafirma que esse campeonato é nosso — e que São Paulo inteira joga junto.
No CDC Burakão, os campos foram palco de histórias que ainda vão ecoar nos próximos confrontos. E a gente segue aqui, de olho em cada passe, cada grito e cada passo dessa jornada.
A Caravana continua. E o coração da Taça segue batendo forte por toda São Paulo.